Não sei o que fiz para passar por isso, não sei, que crime cometi para
ser torturado e morto cruelmente, apenas pelo simples fato de estar vivo.
Tento de todas as formas me
defender, apesar que a única defesa que me resta é apenas fugir...de um lugar
impossível de fugir. E nesse momento minha única visão é do inferno. Vejo
humanos com lanças, facas e punhais... e o ódio no coração.
E pergunto: Que crime cometi,
deixem eu pelo menos tentar entender... que crime cometi?
Acabo de perder minha últimas forças em vão, minha vista está turva, e no meu
paladar o sabor de meu próprio sangue. Agora vejo o ódio em vultos, porém ainda
ódio... já não sinto o vento, o sol, só a maldade e dor, muita dor... e
quem se importa? Eles se divertem e eu estou morrendo aqui, é justo?
E sem resposta pergunto: alguém
me responda por favor, que crime cometi? Ninguém responde, nos meus ouvidos só
zumbidos e sons desagradáveis, entre aplausos, risadas sádicas e palavras de
ódio direcionadas a mim... o que foi que eu fiz e onde está Deus?
Porque me abandonas-te aqui na
mão de quem me odeia, me diz o que foi que eu fiz para sofrer tanto? Aqui já
sinto minha morte... mas ainda estou tentando, no fundo sei que será em vão... mas
ainda estou tentado, e pergunto, onde está Deus?
Por que me abandonaste? A
resposta continua sendo apenas dor, muita dor.
Me
ajoelho sem forças em posição de submissão, não por minha vontade, mas pela
vontade da falta de compaixão, piedade e principalmente pela maldade que hoje habita
aqui. Eles estão me matando, e cadê Deus?!
Por um momento perco minha
respiração, sinto meus pulmões se encharcarem do meu sangue... meus órgãos
genitais acabam de ser cortados... a dor já se faz parte integrante do meu ser,
minhas orelhas a que me pertencem, já não são minhas, acabam de ser cortadas
também. Já não consigo distinguir do que é corpo e do que é dor, meu rabo foi
mutilado violentamente, sem que ao menos pudesse protegê-lo, pois esse
fazia parte da minha morada chamada corpo.
E nesse momento ardendo em dor,
pergunto, Deus o senhor não está vendo tal covardia com seu filho? Pai... o por quê me abandonaste, por que
senhor?
O que eu fiz de tão ruim
para pagar um preço tão alto? Eu nunca fiz mal a ninguém a não ser me defender
durante minha vida inteira de um mundo tão hostil que os homens pegaram pra si,
e isso é justo?
Sinto... minha hora está chegando, junto com a sensação de injustiça que abraça minha alma, e junto do abandono e da maldade daqueles que um dia pensei que queriam meu bem. Agora já sem forças me deito, com meu corpo mutilado, como um manto, meu próprio sangue me acoberta, ele é o que me resta... meu próprio sangue!
Nesse momento sinto uma pontada
mais forte, a dor fala sozinha sobre meu corpo... meus olhos escurecem de
vez... sinto meu corpo formigando, acho que estou morrendo... essa é a
sensação, acho que estou morrendo... e ainda sim me pergunto, onde está a
compaixão e a misericórdia, daqueles que podem racionalizar?
Pois nesse últimos momentos só me
ofereceram o ódio, a irá e o abandono... e nesse último suspiro como ser
vivente, tenho direito de perguntar... onde está Deus?
Homenagem a todos os touros inocentes, mortos no mundo, em uma matança injustificável conhecidos como touradas, vaquejadas, e todo tipo linchamento conhecido como culturas, costumes, que desprezam a dor do próximo, à favor do sadismo, que chamam de entretenimento.
Homenagem a todos os touros inocentes, mortos no mundo, em uma matança injustificável conhecidos como touradas, vaquejadas, e todo tipo linchamento conhecido como culturas, costumes, que desprezam a dor do próximo, à favor do sadismo, que chamam de entretenimento.
Jota Caballero