Esse é um dos momentos mais difíceis de nossas vidas: a hora de decidir sobre a vida de um ser, e muitas vezes de quem muito amamos. Se temos animais, certamente passaremos por esses momentos de dor profunda, perda e sentimentos mais sofríveis do que possamos imaginar.
Sim, existem pessoas totalmente contra a eutanásia. Muitas acham que não têm o direito de tirar a vida por vários motivos, principalmente por crenças. Mas o fato é que, quando um animal não tem mais chances de voltar a uma vida normal, não consegue se alimentar por si só e se encontra em estado vegetativo—ou seja, não há mais o que ser feito—só nos sobra a única alternativa: abreviar o sofrimento. Você concorda?
Então, vamos tentar racionalizar a morte, mostrar o quanto ela é natural e que precisamos aceitá-la por ser imutável, necessária, libertadora e fluvial, onde nos deságua em um universo maior que nossa compreensão atual.
**Eutanásia** – significado: ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurável que produz dores intoleráveis.
Racionalizando a definição acima, não há dúvidas de que a eutanásia é a melhor ação em casos irreversíveis e dolorosos. Querendo ou não, é a melhor solução para tirar o animalzinho do estado de sofrimento em que se encontra, muitas vezes induzido por um prolongamento desnecessário. Isso é compreensível, mas, na íntegra, para aquela vidinha talvez não seja nada prazeroso.
Por ordem natural, a vida nos mostra que ninguém é eterno; tudo tem início, meio e fim, e com nossos bichinhos não é diferente. A medicina veterinária hoje prolonga a vida, estende, protela, mesmo que não seja confortável para o ser. Mas estamos nós lá, dispostos a esticar ao máximo a vida, a tentar, a pagar literalmente para ver—enquanto eles nos mostram fisicamente que não suportam mais seus corpinhos frágeis, doentes e idosos. Entretanto, medicamentos, tratamentos e terapias com compostos de antibióticos, analgésicos e suplementos vitamínicos lhes dão mais alguns dias, e pergunto: vale a pena mantê-los por indução em estado visível de inanição e decomposição?
Já está na hora de libertá-los, de dar-lhes conforto e, o principal, de provar que os amamos de verdade ao deixá-los ir em paz. Troquemos nosso egoísmo inconsciente pelo amor consciente. Doerá muito em nós, porém muito menos neles, e isso já basta para aceitarmos essa realidade. Podemos racionalizar a perda e usar isso para o bem deles. Pense nisso.
[...]