Cães vira-latas pertencem à raça da persistência - resistência e força de viver.
Eles vagam pelas ruas.
A sujeira não é da sua natureza, e sim da natureza a que são obrigados.
Famintos e sedentos, não é o afago e alimento que mais encontram.
São chutados, apedrejados, enxotados e é nos lixos que buscam qualquer coisa que possa atenuar a dor do estômago.
Eles são feios?
Quem foi que disse?
A beleza não se constrói em nós de uma forma nata e particular, ela nos é imposta.
Certamente a maioria (se não todos) ficam lindos depois de limpos, tratados e bem alimentados.
Eles gostam de brincar, gostam de boa comida, de água fresca, de uma caminha confortável para dormir.
Não os confortam o calor excessivo nem o frio implacável.
Se fogem de carinhos é porque não aprenderam que mãos podem trazer-lhes contatos agradáveis.
Jogar fora parece simples – “Não prestou? Joga fora”.
Prestou a quem e para quê?
Jogar fora de onde?
Os animais são os mais vulneráveis nessa cultura do descartável, do descompromisso, da irresponsabilidade com as consequências.
Afinal, é um cachorro.
Não é assim que ouvimos?
E uma canção brega já bradou: “Eu não sou cachorro não…”
Isso para dizer que, não sendo, não merece ser maltratado, desprezado e humilhado.
Merecem os cães maus-tratos por serem cães?
Os de rua são os que recebem a carga desse merecimento, talvez por serem em maior número, ou por estarem mais visíveis, ou ainda porque lhes sobram bem menos migalhas de domingo em família e de lar: um carinho, uma atenção, ração, e meia proteção.
Porque não se iludam - não são apenas os cachorros de rua que são tratados na acepção de “Eu não sou cachorro não”.
Os “donos” de cachorros se dividem em concepções bem distintas – e com elas as atitudes - do que vem a ser animais de estimação.
Há organizações que têm trabalhado para defender essas criaturas.
A maioria delas carece de espaços, alimentos, medicamentos, infraestrutura.
Para suprir isso contam com doações.
Voluntários, ONGs e indivíduos particulares que se dedicam à sublime tarefa de recolher, cuidar e colocar para adoção essas criaturinhas.
Passeando por sites de busca como o Google ou pelo Facebook, descobriremos algumas ações louváveis.
Há sites de adoção, doação, divulgação de animais perdidos e encontrados, de pedido de donativos e outras ajudas.
Se você conhece alguma entidade na sua cidade que presta assistência aos cães de rua, informe nos comentários de nossa página no Facebook.
Sempre nos chama a atenção quando um site de adoção de cães coloca na imagem de capa um cachorro de raça.
Ora, um cachorro de raça não está para adoção.
A menos que ele seja idoso e tenha sido abandonado - o que é muito raro.
Muitos cães, bem como outros animais nas ruas, são acolhidos com ferimentos graves, precisando de tratamentos caros.
Os caninos são castrados antes de serem colocados para adoção na maioria das vezes.
A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.
Nas grandes cidades, para cada cinco habitantes, há um cachorro e 10% estão abandonados.
No interior, em cidades menores, a situação não é muito diferente.
Em muitos casos, o número chega a 1/4 da população humana.
Por lei há proteção para os animais contra os maus-tratos, abandono e negligência.
Na prática, porém, o cenário ainda é muito triste.
E há também a medida de “limpeza”: tirá-los das ruas.
Mas isso é por eles ou para nossas vistas?
Sabe o que fazem?
Recolhem-nos e, se não forem adotados, a morte.
Que mundo é este?
Dos homens que se dizem humanos.